23 de fev. de 2008

Regressão Maligna e Regressão Benigna

"(...) Na conceituação de Balint, há dois níveis psíquicos em que o trabalho analítico pode ser feito: no nível verbal do período edipiano e no nível pré-verbal do período da 'falta básica'. O neurótico habitual, cuja patologia decorre da fase edipiana, aceita as interpretações do analista como interpretações e compreende seu significado, porquanto revive os acontecimentos de uma época em que sabia falar e compreender, ao passo que o paciente cuja patologia deriva do período da falta básica não compreende o que o analista está dizendo, pois revivencia uma época primitiva anterior, não verbal. O fracasso terapêutico é atribuído por Balint à incapacidade do analista de 'captar' as necessidades mudas do paciente que desceu ao nível da falta básica, para quem as interpretações não fazem sentido. Balint distingue ainda dois tipos de regressão: a regressão nociva e 'maligna' para a qual tendem os neuróticos do nível edipiano, que buscam a 'gratificação dos anseios pulsionais' numa espiral sempre crescente de exigências, às quais, com propriedade, o analista dá rédeas curtas; e a regressão 'benigna' do paciente com uma falta básica, que se satisfaz humildemente com as menores migalhas de receptividade do analista, profissional este que faz bem em atentar para seu choroso apelo primitivo." [p. 149]

MALCOLM, Janet. Psicanálise: a profissão impossível. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2005. p. 149

22 de fev. de 2008

Anna Freud ou Melanie Klein? [por Thiago Mazucato]

Artigo Científico apresentado por Thiago Mazucato, para aprovação na disciplina "Psicanálise de Crianças", no curso de Formação em Psicanálise Clínica

Resumo:

Análise das principais diferenças teóricas e técnicas que opõem Anna Freud e Melanie Klein e de alguns pontos da análise de crianças, em especial da técnica psicanalítica do brincar, proposta pela última.

INTRODUÇÃO

Este artigo discorrerá sobre as principais diferenças teóricas e práticas entre Anna Freud e Melanie Klein no que diz respeito à análise das crianças.

Também serão abordados suscintamente os desdobramentos teóricos elaborados por Melanie Klein na teoria do desenvolvimento psicossexual, e suas inovações teóricas e técnicas quanto à idade da criança na fase do complexo de édipo e também quanto ao surgimento de um supereu arcaico, anterior a esta fase, já com aspectos de “exigências” e “proibições” que também podem ser consideradas arcaicas, mas fundamentais e determinantes para a fase do complexo de édipo que virá depois.


ANNA FREUD OU MELANIE KLEIN?

O título do artigo já sugere a cisão que ocorre na psicanálise quando se trata de psicanálise da criança, em que Anna Freud e Melanie Klein colocam-se em posições opostas tanto na teoria quanto na técnica psicanallítica.

A teoria psicanalítica sugerida por A. Freud para as crianças compreende estes pequenos pacientes como desprovidos da capacidade de realizar transferência, o que obriga o terapeuta a utilizar-se de recursos pedagógicos em seus atendimentos com o fim de orientar a criança. É totalmente oposta à idéia do “jogo infantil” como um instrumento técnico analítico.

Já Melanie Klein acredita que, apesar de muito semelhante, a técnica analítica com crianças tem suas diferenças com as técnicas analíticas de adultos, uma vez que no psiquismo das crianças ainda não existe a associação verbal plenamente estruturada, portanto, dificultando o processo de associações livres.

Por outro lado, não somente acredita que a criança seja capaz de realizar transferência, como também que a criança o faz espontaneamente, e que a mesma deve sim ser interpretada.

Sua solução se dá com o decorrer da sua experiência clínica com as crianças, e sugere a técnica analítica do brincar para analisar as mesmas, uma vez que na situação do brincar as crianças representam simbolicamente suas fantasias, seus desejos e suas experiências, o que verbalmente ainda não conseguem fazê-lo com tanta perfeição.

Durante a brincadeira, o paciente projeta tanto no analista quando nos brinquedos as suas tendências destrutivas e as tendências amorosas. M. Klein esforça-se para diferenciar a técnica psicanalítica do brincar de ludoterapia, uma vez que a intenção da técnica psicanalítica do brincar não é tão-somente a observação ou ainda o extravasamento de energias tensionantes.

A interpretação se dará, então, através da observação dos papéis que as crianças assumem nos jogos, durante as sessões, assim como a gradativa modificação da excessiva severidade do superego.

Através da análise tanto da transferência positiva quanto da transferência negativa, o analista deve esforçar-se para eliminar a “idealização” que a criança faz de sua figura, o que é dificultado pelo fato das análises infantis apresentarem resistências tanto quanto as análises de adultos.

Melanie Klein também observou que muitas crianças apresentam um estado “aparente” de adaptação ao ambiente e de superação da fase genital, mas, na clínica, a conclusão a que chegou foi que suas defesas escondiam diversas ansiedades e que, posteriormente, as mesmas deparavam-se com desafios maiores e suas estruturas psíquicas geralmente “desmoronavam-se” frente a estes desafios.

Uma outra distinção importante feita por Melanie Klein é um fato já observado por Freud, que foi ressaltado em sua teoria, consiste na diferenciação entre os campos da política, da educação e da psicanálise, não devendo o analista confundir seus objetivos e/ou meios com os das demais.

Outra diferença que também é marcante na teoria de M. Klein e de A. Freud está no início da fase edipiana. Para Klein, tal fase inicia-se já com o desmame, por volta dos seis meses de idade, e daí também surge um “supereu arcaico”, que desembocará na fase edipiana clássica sugerida por Sigmund Freud em torno dos 4 a 5 anos de idade.

Entre a fase de supereu arcaico e o complexo de édipo, a criança desenvolve mecanismos de introjeção e projeção, em que, dentre outras coisas, fragmenta o objeto de desejo em “bom” e “mau”, introjetando-o e posteriormente projetando-o no mundo exterior, fragmentação esta que também gera tensão. Surge então, na teoria de Klein, a fase “esquizo-paranóide” e a “posição depressiva”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABERASTURY, Arminda. Psicanálise da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

KLEIN, Melanie. A psicanálise de crianças. Rio de Janeiro: Imago, 1997.





21 de fev. de 2008

As Teorias Freudianas do Aparelho Psíquico e a Interdependência de suas Instâncias [por Thiago Mazucato]

Artigo Científico apresentado por Thiago Mazucato, para aprovação na disciplina "Teoria Psicanalítica I" no curso de Formação em Psicanálise Clínica

Resumo: O presente artigo demonstra a interdependência das instâncias psíquicas -id, ego e superego-, utilizando-se para tal do desenvolvimento histórico das teorias de Freud sobre o aparelho psíquico, passando da sua teoria inconsciente/pré-consciente/consciente até sua elaboração id/ego/superego, desembocando na gênese do ego e do superego como desenvolvimentos posteriores ao id.

Palavras-Chave: Aparelho psíquico, inconsciente, repressão, id, ego, superego.


AS TEORIAS FREUDIANAS DO APARELHO PSÍQUICO E A INTERDEPENDÊNCIA DE SUAS INSTÂNCIAS

A Primeira Teoria do Aparelho Psíquico

Ao abandonar o método catártico aprendido com o médico vienense Josef Breuer, e criar seu próprio método, denominando-o "Psicanálise", Freud chegou a sua primeira sistematização sobre a estrutura do aparelho psíquico.

Esboçado em 1900, Freud sugere que o aparelho psíquico é constituído de três instâncias: inconsciente, pré-consciente e consciente, cabendo às mesmas a regulação das tensões psíquicas.

Para um bom entendimento desta teoria é primordial o esclarecimento de dois conceitos que levaram Freud à sua elaboração: resistência e repressão.

Como resistência entende-se todos os mecanismos psíquicos que se opõem a que algo (pensamento, desejo, etc.) chegue à consciência. É a força bloqueadora, que faz com que tais pensamentos ou desejos não saiam do campo do inconsciente, pois geraria conflitos.

O conceito de repressão está intimamente ligado ao de resistência. Quando um pensamento ou desejo conflitante encontra-se no terreno da consciência, a repressão atua no sentido de "eufemizá-los", torná-los mais leves e aceitáveis, e, se possível, retirar-lhes do terreno da consciência, já que aqui geram conflitos e estão intimamente ligados aos sintomas.

Nesta primeira teoria do aparelho psíquico Freud, ao delimitar três instâncias, dá-lhes também funções bem distintas:

Ao inconsciente Freud atribuiu a função de armazenar tudo o que não fica disponível ao pré-consciente e ao consciente. É regido pelo princípio do prazer, e para tanto, armazena e protege os conteúdos que foram reprimidos, na tentativa de evitar conflitos. Estes conteúdos reprimidos podem ser por natureza inconscientes, e como tal nunca estiveram no campo da consciência, ou podem já ter pertencido a este campo e terem sido reprimidos.

O pré-consciente, intermediário entre inconsciente e consciente, tem seus conteúdos acessíveis ao consciente, como um "disco de memória" de um computador. Regido pelo princípio de realidade, é o centro da capacidade de aprender e de toda bagagem resultante do aprendizado.

O consciente é energia livre à disposição do pré-consciente, e é acionado tanto pelo mundo exterior quando pelo interior.


Nova Elaboração do Aparelho Psíquico

Após novas pesquisas e descobertas, dentre elas as fases de desenvolvimento psicossexual, incluindo aí o indivíduo desde o nascimento, Freud chega a novos conceitos sobre o aparelho psíquico, mesmo continuando constituído por três instâncias, agora identificadas por id, Ego e Superego.

Ao Id são atribuídas características semelhantes às do inconsciente, sendo a única estrutura do aparelho psíquico que as pessoas possuem ao nascer. É a sede dos impulsos inatos (tanto os agressivos, identificados pelo conceito de Tânatos, quanto os sexuais, identificados pelo conceito de Eros) e também dos desejos que são recalcados.

Assim se manifestou Marcuse:

"As principais camadas da estrutura mental são agora designadas como id, ego e superego. A camada fundamental, mais antiga e maior, é o id, o domínio do inconsciente, dos instintos primários. O id está isento das formas e princípios que constituem o indivíduo consciente e social. Não é afetado pelo tempo nem perturbado por contradições; ignora 'valores, bem e mal, moralidade'. Não visa à autopreservação: esforça-se unicamente pela satisfação de suas necessidades instintivas de acordo com o princípio de prazer." (1968, p.47)

Uma parte do Id desenvolver-se-á até formar o Ego, que será então o responsável pela percepção e representação do mundo exterior. É controlador dos impulsos do Id, tanto reprimindo os impulsos que geram conflitos com a realidade exterior como "desviando" o objeto de outros impulsos do Id. O Ego é regido pelo princípio de realidade. É também mediador entre Id e Superego.

O Superego surgirá do desenvolvimento do Ego. Admite-se que isto ocorra durante o Complexo de Édipo, em que a criança é forçada a aceitar regras sociais e lidar com proibições, limites, autoridades. O Superego busca a moral e punir as transgressões ou mesmo os desejos de transgredir. Aciona os mecanismos de "alerta" ao Ego, que efetua o serviço, gerando quase sempre o sentimento de culpabilidade.

Conclusão

O presente artigo demonstrou que as três instâncias, ou três sistemas psíquicos que constituem o aparelho psíquico não são instâncias estanques com funcionamento independente uma das outras. A própria gênese do Ego, e depois do Superego, ambos provindos do Id serve para demonstrar tal fato. E também cada sujeito desenvolve seu aparelho psíquico a seu modo, visto que, dentre os determinantes estão as relações sociais e culturais.

Referências Bibliográficas

BOCK, Ana Mercês Bahia et all. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Saraiva, 2000. 13. ed.

LAGACHE, Daniel. A Psicanálise. Rio de Janeiro: Difel, 1978.

MARCUSE, Herbert. Eros e Civilização - uma interpretação filosófica do pensamento de Freud. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1968. 3. ed.

20 de fev. de 2008

"Modernidade e Ambivalência" - Zygmunt Bauman

1.1. A modernidade é marcada pela distinção tensa e tensionante entre ordem (cultura e organização política) e caos (natureza, fluxos, diversidade, variação, etc).

1.2. Ao contrário de outras épocas (em que essa distinção de alguma forma já operava mas não era determinante), na modernidade a ordem a ordem é vivida como tarefa, a tarefa recorrente e infinita de separação e purificação; nela, as atividades de classificar e identificar os entes são consideradas fundamentais para a constituição de um mundo habitável; Bruno Latour, no livro Jamais fomos modernos (1991), nos diz algo semelhante ao tratar dos modernos como empenhados como empenhados em um projeto de purificação; é fácil reconhecer nas considerações desses dois autores - Latour e Bauman- a vontade de clareza e distinção e o horror à irresolução que tornaram Descartes o patrono da Idade Moderna.

1.3. Os procedimentos dissociativos, separadores e segregadores, implicados nas classificações e identificações purificantes, geraram produtos na forma de inúmeras dicotomias: sujeito (atividade) e objeto (inércia e passividade), indivíduo e sociedade, natureza e cultura, corpo (substância extensa) e mente (substância pensante), forças (energia) e sentido (linguagem, símbolos); ou seja, esses procedimentos agem como expedientes de atribuição de sentido e organização do caos mediante a produção dos dualismos.

1.4. No entanto, segundo Bauman, há inevitavelmente, à medida que progride a tarefa moderna de ordenação, uma produção involuntária de ambigüidade; quanto mais avança o afã classificador, mais emergem aspectos refratários à pureza das classificações e das identidades. Latour, na obra já mencionada, também assinala o fracasso dos modernos; sua tese é a de que jamais fomos os modernos que pretendíamos ser: procurando os "puros", produzimos os "híbridos" inclassificáveis; segundo Bauman, a modernidade é assim envolvida em um programa reflexivo infinito: será sempre necessário refazer os passos já dados, mas, de alguma forma, desconstruídos por esses mesmos passos.

1.5. Ocorre, portanto e paradoxalmente, uma descoberta indesejada de contingência como fruto da procura metódica da ordem e da necessidade; como a descoberta é recorrente, o programa reflexivo da modernidade se consolida e aprofunda.
Três observações cabem neste momento:
a) a dinâmica moderna impõe a constituição do sujeito reflexivo; não se trata mais de identificar a subjetividade apenas com a agência e com a atividade, mas de exigir do sujeito a capacidade reflexiva de refazer-se e refazer metódica e conscientemente seus passos ordenadores; é nesse contexto que se pode entender o crescimento de uma linguagem de auto-referência subjetiva capaz de sustentar as "falas de si" que se exigem do sujeito da modernidade; no último século, vale lembrar, a psicanálise foi uma das mais importantes fontes desse vocabulário reflexivo.
b) a tarefa de dar sentido produz não-sentido; o não-sentido não deve ser pensado apenas como a base sobre a qual se exerce a capacidade subjetiva de dar sentido (o caos primordial), nem como um resto, refratário a essa atividade subjetiva (o "real" não simbolizável): ao contrário, o não-sentido é um dos produtos mais sistemática e regularmente associados ao exercício das atividades humanas ordenadoras do cosmos.
c) o fracasso reiterado da tarefa moderna, a convivência inevitável com seus produtos involuntários e indomáveis - o ambíguo, o contingente e as ambivalências - em uma era marcada pela inflação da vontade e do empenho de domínio, clareza e distinção, fazem da Idade Moderna uma época extremamente exposta ao traumático; ou seja, os fracassos inevitáveis da razão e da língua (e de outros procedimentos de ordenação) nos encontros com as ambivalências modernas estão nas raízes do traumático como regime de vida; passa-se, assim, de uma consideração dos "eventos traumáticos" aos "traumas cumulativos" (Khan, 1963) e, mais ainda, aos traumas crônicos e recorrentes que pertencem a um dado projeto de mundo (no sentido heideggeriano do termo) o mundo moderno.

1.6. Para que essa conexão não fique muito obscura, convém recordar que o traumático, ou catastrófico (o campo das efrações e dos fractais), é definido, na psicanálise e fora dela, como o que diz respeito ao que escapa e contraria, destroça e instiga os poderes da ordem (os poderes tout court, pois todo poder é poder de ordenar); nessa medida, como veremos adiante, o pático e o afetivo (as "paixões da alma") definem o traumático por excelência.

1.7. É muito elucidativo considerarmos o não-lugar do afeto no projeto moderno cartesiano; ele será sempre da "ordem" do ambivalente, do ambíguo e do contingente e, portanto, potencialmente traumatógeno; uma leitura de Descartes no seu Tratado das Paixões da Alma, acompanhada e esclarecida pelo excelente trabalho de Lívio Teixeira (1990), Ensaio sobre a Moral de Descartes, conduz às seguintes posições:
a) os afetos são idéias essencialmente (e não apenas acidentalmente) confusas porque são oriundas da união de duas substâncias simples e incompatíveis: o corpo e a mente; no entanto, é a união - desencontrada e traumatizante - de duas substâncias simples o que constitui o homem na sua essência como ser paradoxal, ambíguo, no limite do pensável;
b) os afetos são, assim, idéias que não podem ser apreendidas pelo entendimento e por isso não dão lugar à certeza, deixando-nos, no que diz respeito a nós mesmos, sob o risco das temidas ambivalências e da irresolução; essa é a razão, diga-se de passagem, para que uma linguagem apta a falar dos afetos assuma quase necessariamente uma feição metafórica e resista a todos os esforços de univocidade;
c) há, portanto, no âmago do projeto ordenador da Modernidade, e isso desde sempre, desde Descartes, um escândalo, o escândalo das paixões; se a nítida oposição entre sujeito e objeto correspondia à oposição entre atividade e passividade, nas paixões da alma assiste-se, com grande constrangimento, a uma brutal inversão: o cenário é o do dinamismo dos objetos contracenando com a passividade do sujeito;
d) nessa medida, expandindo um pouco a proposta cartesiana, podemos reconhecer no traumático a figura exemplar da paixão; o trauma é o momento privilegiado da inversão de papéis, o sujeito é repentinamente apassivado pelo impacto de um objeto cujo dinamismo excede em muito a sua capacidade de enfrentamento e domínio (prático ou simbólico); no trauma, a vontade do sujeito é submetida à sua sensibilidade, aos seus afetos; se a linguagem dos afetos padece sempre da equivocidade, para se falar o trauma não há, rigorosamente, linguagem alguma disponível;
e) ao mesmo tempo, contudo, o traumático - o passional - impões ao sujeito moderno uma retomada do projeto classificatório e ordenador, vale dizer, mobiliza nele os mais poderosos expedientes de separação, de dissociação em que de um lado o corpo e de outro lado a mente devem ser fortalecidos e conhecidos em sua máxima pureza: a medicina, a filosofia e a psicologia atenderam prontamente a esse convite e tentaram se colocar a serviço do projeto moderno de saber e de poder; a psicanálise, porém, trilhou, ao menos parcialmente, um outro caminho.

FIGUEIREDO, Luis Claudio. Psicanálise - Elementos para a clínica contemporânea. São Paulo: Escuta, 2003. pp. 12-5.